O primeiro, e até agora único, filme de longa metragem a abordar o drama da fístula obstétrica já se encontra disponível no catálogo da Netflix. “Dry” é um filme nigeriano de 2014, realizado por Stephanie Linus, e centra-se no problema da fístula vesicovaginal e nas uniões prematuras, condições que atingem as mulheres e raparigas da Nigéria.
Para lá do seu valor artístico, o filme “Dry” constitui uma chamada de atenção para um drama que afecta entre dois a três milhões de mulheres em todo o mundo, particularmente na Ásia e África. Em Moçambique, por exemplo, todos os dias ocorre uma nova fístula obstétrica, uma condição com a qual convivem, segundo estimativas, cerca de cem mil moçambicanas.
Além disso, a longa-metragem de Stephanie Linus é, também, um poderoso protesto político contra as uniões prematuras, uma prática que constitui um atentado aos Direitos Humanos. Aliás, o primeiro “trailer” de Dry foi lançado em Julho de 2013, em plena “Controvérsia do casamento infantil na Nigéria”. Nesse ano, o Senado, por falta de votos, foi incapaz de remover uma cláusula da Constituição de 1999 da República Federal da Nigéria, a qual afirma que “qualquer mulher que seja casada na Nigéria é maior de idade”.
A generalidade da opinião pública entendeu a manutenção desse clausulado constitucional como um Projeto de Lei para o casamento de menores, o que atraiu muita atenção mediática e gerou grande polémica. Nesse contexto, Stephanie Okereke decidiu publicar o trailer do seu filme de modo a reforçar as vozes contra o “alegado Projeto de Lei”.
A trama de Dry ficciona a história de uma menina de 13 anos, Halima (Zubaida Ibrahim Fagge), cujos pais, pobres e sem instrução, autorizaram a união com Sani (Tijjani Faraga), um homem de 60 anos que, enquanto marido, se sente no direito de a violar constantemente. Halima engravida e, no âmbito de um parto complexo, contrai Fístula Vesicovaginal; em consequência desse mal, é abandonada pelo marido e discriminada pela comunidade.
Zara (Stephanie Okereke), uma médica nigeriana emigrada no País de Gales após ter sofrido uma infância horrível na sua terra natal, de regresso à Nigéria para trabalho voluntário num hospital conhece Halima. Sensibilizada, tenta ajudar a superar a situação clínica não só de Halima mas também de outras jovens nas mesmas circunstâncias.
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